“Vim, vi, venci!” O sentimento expresso por este dito popular provavelmente foi o mesmo que povoou o coração do velho Simeão ao encontrar-se com Jesus, ainda menino, no templo. Impulsionado pelo Espírito, aquele homem de idade avançada sentiu-se pleno ao deparar-se com uma criança, revelando a proximidade e complementariedade que existe entre os extremos da existência. Também pais e avós sentem um grande contentamento interior quando se deparam com o milagre da vida que segue seu curso, nascendo pequena e frágil no impressionante mistério de uma história que, ao mesmo tempo, começa e continua. Encontrar-se com Jesus criança é oportunidade que cada fiel possui de despertar no coração a criança que traz em si na pureza dos sentimentos, na transparência e no entusiasmo de descobertas que se apresentam sempre novas, assim como aquele menino pobre apresentado sem pompa no templo era a maior novidade de todos os tempos.
O sentimento de plenitude que tomou conta de Simeão é algo buscado com empenho e dedicação pela absoluta maioria dos seres humanos. No entanto, nem sempre o buscamos onde ele de fato pode ser encontrado. Com frequência incorremos no erro do homem rico criticado por Jesus na parábola que Ele conta em Lc 12,16-21. Achamos que a plenitude está no acúmulo de bens, para além de nossas reais necessidades. Grande e tola ilusão! Os próprios caminhos da vida, mais dia menos dia, vêm revelar quão passageiros e vazios podem ser tais sonhos.
O maior e mais profundo sentido da vida, ensina-nos o velho Simeão, está na singeleza do Menino, no despojamento de quem consegue perceber que Deus ama a cada um de seus filhos por pura liberalidade, porque é de fato um amor infinito e inesgotável. Saber-se amado neste absurdo grau é chave que abre ao ser humano as portas de sua realização plena.
Frei Gustavo Medella