Reflexão do Evangelho

A Comunidade: o Senhor sempre presente

Iniciemos a reflexão de hoje tendo presente que os Evangelhos são sempre uma apresentação de Jesus (catequese), particularmente em sua missão, morte e ressurreição, a uma comunidade que o segue e busca viver segundo seu projeto.

O texto do Evangelho de hoje é do evangelista João que, por volta dos anos 90 depois de Cristo, enfrenta a dificuldade vivida por sua Comunidade: a de crer sem ter estado ou vivido com Jesus. O dilema de continuar na comunidade ou deixá-la estava, assim, muito vivo. O Evangelho de hoje tenta nos ajudar nesta questão. Situa-nos num ambiente em que os discípulos estão reunidos, no dia da Ressurreição, sem a presença de Tomé. Estarão reunidos também oito dias depois e Tomé está com eles. Tomé é a personificação da Comunidade que não viveu com Jesus.

Assim, no dia da Ressurreição, enquanto os discípulos que conviveram com Jesus estão trancados por medo dos judeus, ele mesmo vem ao encontro deles, desejando-lhes a paz e dando-lhes o atestado de sua identidade: as mãos e o lado transpassados. Eles entendem que Jesus não os abandonou porque se enchem de alegria. Acreditam nele. Os discípulos estão juntos, imagem da comunidade curativa e missionária, querida e enviada por Jesus sob o impulso do Espírito Santo. Esta comunidade não precisa de outro atestado a não ser o da presença do Senhor.

Em Tomé se vislumbra uma Comunidade que precisa de sinais ou constatações. O testemunho não parece muito válido. Tomé ouvira o testemunho da aparição de Jesus por parte de alguns discípulos. Foi, porém, muito duro na sua observação: apelou para o ver e tocar como condições para acreditar. Isolado, sem os outros e, consequentemente, sem contar com Jesus, é o homem que apela para os sentidos externos. Quando Jesus se faz presente novamente, oito dias depois, Tomé está com a Comunidade, com os discípulos. O próprio Jesus o aborda. Ele o vê e toca o lugar de suas chagas: “Meu Senhor e meu Deus” é sua exclamação. E Jesus aponta o outro lado da vida da Comunidade: Crer, sem necessidade de ver. Desta forma Jesus deixa claro que, onde a Comunidade leva avante seu projeto de amor, abrem-se outros olhos. Eles veem o invisível e se voltam, sobretudo, para os que trazem as chagas do mesmo Senhor que continua dizendo: “Põe teu dedo aqui e olha as minhas mãos”.

 Frei Salésio Hillesheim

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